21 de março de 2012

Aspirina para Gatos... Pode ou não pode?

Por
Ana Carolina Hespanha
Aluna do 9º semestre de Medicina Veterinária da UENP-CLM

Rotineiramente diversas drogas, comumente utilizadas na Medicina Humana, vem sendo empregadas, algumas vezes sem cuidado ou orientação, por proprietários em seus animais.
O uso de altas doses do Ácido Acetilsalicílico (encontrado em Aspirinas® ou AAS®) em gatos é um dos erros mais comuns. Este antiinflamatório não-esteroidal que tem como objetivo diminuir a dor e o desconforto vai agir inibindo a enzima COX-1, limitando assim a produção das prostaglandinas.
Esse fármaco, em felinos, possui o tempo de ação prolongado (cerca de 45 horas), pois os gatos não possuem concentrações suficientes da enzima glicoronil-transferase necessária para uma rápida metabolização da droga.
Os riscos decorrentes da utilização de doses elevadas dessa droga em gatos são manifestados por: apatia, vômitos (por vezes com sangue), aumento da frequencia respiratória, elevação da temperatura, dificuldade em caminhar, coma e até mesmo a morte, em até dois dias.
É importante ressaltar que doses contínuas do fármaco podem levar a quadros de úlcera e hemorragia. Estes quadros hemorrágicos são decorrentes de uma diminuição na função plaquetária ou redução do número de plaquetas circulantes. Pois, o Ácido Acetilsalicílico inibe a secreção e agregação de plaquetas por coibir a síntese de tromboxano e prostaglandina plaquetária.
Ainda, essas drogas podem em longo prazo, causar hepatite tóxica, como o fígado é o local de síntese dos fatores de coagulação o quadro hemorrágico agrava-se ainda mais.
O diagnóstico nem sempre é simples, pois os sinais clínicos são inespecíficos e não há um tratamento específico, o recomendado é induzir o esvaziamento gástrico, quando ocorrer à ingestão do fármaco, em no máximo 4 horas. Pode-se administrar carvão ativado que irá se ligar ao salicilato não permitindo assim sua absorção. É aconselhado o internamento do animal com o intuito de se corrigir o equilíbrio ácido-básico e tentar a estabilização da função renal. O prognóstico irá depender do grau de intoxicação do animal.

Referência: ANDRADE, S.F. Terapêutica Felina- Cuidado com o uso de drogas em gatos. Manual de Terapêutica Veterinária. Editora Roca. 2ª Edição. P 563-564, 2002

SPINOSA, H.S. et al. Toxicologia dos medicamentos. Toxicologia aplicada à Medicina Veterinária. Editora Manole, 1ª edição, p. 117-190, 2008
Leitura Adicional: http://www.hvp.pt/2010/04/08/intoxicacao-por-aspirina-no-cao-e-no-gato/
http://bbel.uol.com.br/variedades/post/medicamentos-proibidos-para-gatos.aspx

Revisão e Correção: M.V. Daniel Angrimani

Mestrando em Reprodução Animal (FMVZ-USP)
São Paulo - SP

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